Esta é a história de uma família judaica que por muitas gerações morou na Polònia.
Uma família como tantas outras, formada por avós, pais, irmãos, tios, filhos, esposos e netos. Com suas tristezas e alegrias, lembranças, sonhos e planos. Pessoas que possuíam casas, nomes, sobrenomes, cabelos, dentes, sapatos.
Uma família como as da Áustria, Romênia, Alemanha, França e Grécia. Comerciantes, artesãos, professores e alfaiates. Em sua maioria gente simples e humilde, que trabalhava duro a semana inteira, esperando as noites de sexta-feira para descansar e abençoar o Shabat.
Famílias que até o último instante resistiram a acreditar na maldade do homem.
Que não tiveram tempo para escolhas ou despedidas, para chorar e enterrar seus mortos.
Famílias humilhadas e torturadas, algumas ajudadas por pessoas que arriscaram suas próprias vidas, mas a maioria abandonada por nações inteiras que se negaram a recebê-las e socorrê-las.
Famílias judaicas que, em meio a fome e as doenças do gueto, nunca deixaram de acreditar em Deus, cantar, rezar, ensinar e preparar as crianças para um mundo melhor.
Esta é a história de uma família como milhões de outras que foram dilaceradas pelos nazistas.
Somente uma história, entre tantas outras que não foram contadas. Mas não são apenas histórias. São vidas.
Vidas de um povo que amo, respeito e pelo qual choro. Do qual faço parte com muito orgulho.
Porque nós fomos escravos no Egito, errantes no deserto, heróicos macabeos, marranos na Inquisição, mártires e heróis do Holocausto, e fundadores do Estado de Israel.
Portanto, esta é também a minha história, a história das minhas filhas e das filhas das minhas filhas.
