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Descrição

O livro conta a história da vinda de judeus e cristãos-novos portugueses para Pernambuco no início do período colonial e a saga atual de seus descendentes para retornar ao judaísmo. Fala sobre a expulsão dos judeus da Espanha, sua posterior instalação em Portugal e a conversão obrigatória; a Inquisição, a vida no Brasil Colônia etc...

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Texto do livro "Em busca de Sefarad - de Portugal a Pernambuco"


A alma do frevo é a saudade, tão presente no fado e também nas canções e nas lembranças judaicas. Embalado pelos ecos que as melodias nordestinas trazem dessa mítica Sefarad, onde - sob um Islã até certo ponto tolerante - os féis das três religiões monoteístas viviam em liberdade na chamada época de ouro da Península Ibérica.

Segui os passos dos Bnei Anussim, os descendentes dos forçados pela Inquisição a se converter ao cristianismo. São pessoas que lutam para retornar ao judaísmo e se encontram em grande número no nordeste do Brasil. Para entender a força desse movimento, basta ir a Recife, Campina Grande ou Belo Jardim. Passar o shabat na Serra dos Ventos. Escutar, no agreste pernambucano, debates intermináveis sobre o pensamento de Maimônides, logo após as rezas matinais (Shacharit).

As histórias sobre a Inquisição, a expulsão dos judeus da Espanha e a conversão forçada em Portugal não são muito conhecidas em seus trágicos detalhes. Mesmo no Brasil, o horror do Holocausto acaba por encobrir o drama dos judeus portugueses, que somavam um quinto da população do país na época da descoberta.

Nos primeiros anos da colonização brasileira, Portugal não tinha olhos para a nova terra, interessado que estava nas Índias Orientais. Para cá, no entanto, vinham em grande número judeus e cristãos novos, em busca de liberdade e trabalho.

A presença de judeus na formação do Brasil é ininterrupta. Especula-se, por exemplo, que Pedro Álvares Cabral teria origem judaica, e há fatos que comprovam a identidade judaica de um dos capitães de suas naus, Gaspar de Lemos; os bandeirantes que abriam picadas pelas florestas para descobrir ouro e pedras preciosas no interior do país também dão provas dessa presença judaica constante. O primeiro arrendatário das novas terras, o cristão-novo Fernando de Noronha, trouxe consigo um grande número de correligionários para trabalhar com a árvore que deu nome ao nosso país: o pau-brasil.

Até o momento da verdadeira explosão populacional brasileira, que aconteceu durante a descoberta de ouro e diamante nas Minas Gerais, a cultura da cana-de-açúcar tinha sido a grande responsável pela fixação de gente na nova terra. A economia do açúcar se desenvolveu graças às relações familiares e comerciais entre a "Gente da Nação": os cristãos-novos judaizantes e os judeus portugueses, que, após recuperarem a liberdade na Holanda, se espalharam pelo nordeste do Brasil, estabelecendo-se principalmente em Pernambuco, para onde vieram em grande número durante a Recife holandesa (1630-1654), período em que Mauricio de Nassau governou por sete anos (1637-1644).

Em Portugal, os judeus que não escapavam para Amsterdã, Londres, Veneza, para o Maghreb, para o Império Otomano e outras terras, foram obrigados a se converter ao cristianismo.

Com a mistura entre cristãos-novos e cristãos-velhos, diz-se que todo português tem uma costela judaica. No Brasil, estima-se que mais de vinte milhões de pessoas tenham ancestralidade judaica, quase o dobro do número de judeus existentes hoje no mundo.